Fiz algumas pesquisas sobre Peter Drucker e encontrei um material muito rico que dividirei com vocês aqui no Briefando!
O artigo é um pouco longo, por isso resolvi dividir em algumas partes que será postada aqui diariamente.
Vamos então para mais um Briefando!
A PROFISSÃO DE ADMINISTRADOR
Peter Drucker
Por quase
meio século, Peter Drucker tem inspirado e educado gerentes com seus marcantes
artigos na Harvard Business Review. Aqui está reunida uma coleção
inestimável das suas obras mais importantes. Um de nossos maiores pensadores
sobre a prática e o estudo de administração, Drucker buscou, identificou e
examinou as questões mais importantes que confrontam os gerentes, desde
estratégia corporativa até estilo gerencial e mudanças sociais. Através de sua
lente única, esse livro nos dá a rara oportunidade de acompanhar a evolução das
grandes mudanças em nossos locais de trabalho e entender mais claramente o
papel dos gerentes no esforço permanente para equilibrar mudança e
continuidade. Agora, esses importantes ensaios e artigos estão estrategicamente
apresentados aqui para tratar de dois temas unificantes: o primeiro examina
"As Responsabilidades do Administrador", enquanto o segundo investiga
"O Mundo do Executivo". Deles emerge um quadro completo da teoria e
da prática gerencial, como ela era e como será. A Profissão de Administrador
é certamente um livro para ser estudado, debatido e apreciado por todos aqueles
ligados à gerência e é uma contribuição oportuna de um dos mais respeitados e
prolíficos autores publicados na Harvard Business Review.
O FUTURO JÁ ACONTECEU
Nos
negócios humanos é inútil prever o futuro, mas é possível – e útil –
identificar eventos importantes que já aconteceram, de forma irrevogável, e que
portanto terão efeitos previsíveis nas duas próximas décadas. Em outras
palavras, é possível identificar e se preparar para o futuro que já
aconteceu. O fator dominante para os negócios nas duas próximas décadas –
com exceção de guerra, peste ou colisão com um cometa – não será economia ou
tecnologia. Será a demografia. O fator chave para os negócios será a subpopulação
dos países desenvolvidos – o Japão, os países europeus e os Estados Unidos.
Isto quer dizer, seus cidadãos não estão produzindo bebês suficientes para se
reproduzirem. Mesmo que os índices de natalidade crescessem da noite para o
dia, seriam precisos 25 anos antes que esses novos bebês se tornassem adultos
plenamente educados e produtivos. Em outras palavras, para os próximos 25 anos
a subpopulação dos países desenvolvidos é um fato consumado e assim tem as
seguintes implicações para suas sociedades e economias:
- A idade de aposentadoria –
na qual as pessoas deixam de trabalhar – subirá, em todos os países
desenvolvidos, até 75 anos para pessoas saudáveis, que são a grande
maioria.
- O crescimento econômico pode
vir somente de um aumento agudo e continuado da produtividade de um
recurso no qual os países desenvolvidos ainda possuem uma vantagem: a
produtividade do conhecimento e dos trabalhadores do conhecimento.
- Não haverá uma única
potência dominante mundial, porque nenhum país desenvolvido possui a base
populacional para sustentar tal papel. Não pode haver nenhuma vantagem
competitiva a longo prazo para qualquer país, indústria ou empresa, porque
nem o dinheiro nem a tecnologia podem compensar, por qualquer período de
tempo, os crescentes desequilíbrios em recursos de mão-de-obra. A única
vantagem comparativa dos países desenvolvidos está no suprimento de
trabalhadores do conhecimento.
O
conhecimento é diferente de todos os outros recursos. Ele torna-se
constantemente obsoleto; assim, o conhecimento avançado de hoje é a ignorância
de amanhã. E o conhecimento que importa está sujeito a mudanças rápidas e
abruptas, como, por exemplo, na indústria de cuidados com saúde e na indústria
de computadores. A produtividade do conhecimento e dos trabalhadores do
conhecimento não será o único fator competitivo na economia mundial. Mas é
provável que ela se torne o fator decisivo, ao menos para a maior parte das
indústrias nos países desenvolvidos. A probabilidade desta previsão contém
implicações para empresas e para executivos., quais sejam:
- A economia mundial irá
continuar a ser altamente turbulenta e competitiva, propensa a oscilações
abruptas, assim como a natureza e também o conteúdo do conhecimento
relevante mudam de forma contínua e imprevisível.
- As necessidades de
informações das empresas e dos executivos provavelmente irão mudar
rapidamente. Uma estratégia vitoriosa irá exigir cada vez mais informações
a respeito de eventos e condições fora da instituição:
não-clientes, tecnologias além daquelas normalmente usadas pela empresa e
seus atuais concorrentes, mercados atualmente não atendidos e assim por
diante.
- O conhecimento torna os
recursos móveis. Os trabalhadores do conhecimento, ao contrário dos
trabalhadores manuais, possuem os meios de produção: eles carregam esse
conhecimento em suas cabeças e portanto podem levá-lo consigo. Em
decorrência, essas pessoas não podem ser "gerenciadas" no
sentido tradicional da palavra. Em muitos casos, elas nem mesmo serão
funcionárias das organizações, mas empreiteiras, peritas, consultoras,
trabalhadoras em tempo parcial, parceiras de empreendimentos etc. Um
número crescente dessas pessoas irá se identificar por seu próprio
conhecimento e não pela organização que as paga.
- Implícita nisso está uma
mudança no próprio significado de organização. Haverá somente
"organizações" tão diversas umas das outras quanto uma refinaria
de petróleo, uma catedral e um sobrado suburbano o são, mesmo que os três
sejam "edifícios". Nos países desenvolvidos, cada organização (e
não somente as empresas) terá de ser concebida para uma tarefa, uma época
e uma localização (ou cultura) específicas.
- A arte e a ciência da
administração irão cada vez mais se estender além das empresas. A área
mais importante para o desenvolvimento de novos conceitos, métodos e
práticas será no gerenciamento dos recursos do conhecimento da
sociedade – especificamente educação e assistência à saúde, ambas hoje
superadministradas e subgerenciadas.
Previsões?
Não. São as implicações de um futuro que já aconteceu.
Fonte:
http://www.unicap.br/marina/profadm.html, acesso em 16/08/2010.
Editora Pioneira, São Paulo, 1998
(Livro com 187 páginas, compilado em 18)
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